Vamos falar de Ansiedade?

Ansiedade e você

18/01/2022

Como falar sobre um assunto que já é tão discutido nas mídias? Que todo mundo “sabe” o que é? Como sempre, minha tentativa será trazer um olhar junguiano sobre esse fenômeno, esse símbolo. Ou seja, quero tentar ampliar para além de descrições do DSM e dos sintomas que já sabemos (como insônia, taquicardia, aceleração na fala, falta de foco, tontura, vertigem, dificuldade de respirar, preocupação em excesso, tremor, agitação….).

Como ampliar então? No dicionário, a palavra tem origem latina (anxietas), de angústia, perturbado, pouco à vontade, sufocado. Olhando a mitologia grega e buscando referências, temos o deus Pã, que inclusive pânico vêm de sua origem. Brevemente, era um deus que ficava entre as florestas, tinha uma aparência semi-animalesca e muita energia. Assustava os que passavam entre seus bosques, gerando ansiedade, e tinha uma grande atividade sexual, tendo por isso uma insaciedade. Era ágil e rápido.

E o que isso tem a ver com a ansiedade de hoje?

Muito do que esse deus gerava são os sintomas que conhecemos hoje. E por que eles aconteciam se olharmos o mito? Porque essas pessoas passavam por este lugar que era de Pã, onde ele ficava, adentravam esse espaço. Não se diz muito porquê essas pessoas faziam isso ou porquê ele as assustava, mas podemos fazer algumas associações.

Uma das perspectivas que eu mais gosto de olhar para os sintomas da ansiedade e que ajudam muito na forma pela qual conduzo os atendimentos é olhar para qual seria o perigo que a pessoa está enfrentando, olhar consciente para isso. Como já sabemos hoje pelos estudos, na ansiedade são acionados os comandos de luta e fuga, ou seja, é um perigo e é necessário agir com rapidez, como se houvesse uma situação que colocasse a vida em risco. Isso é uma herança da espécie humana muito necessária para a nossa preservação e que tornou possível manter a existência e segurança em muitas situações de risco no passado, quando a vida realmente estava em perigo.

Mas e hoje?

Olhando para a pergunta feita, qual o perigo que estou enfrentando? Que situação é essa que preciso estar em alerta, atento para me preservar? Assim como no mito, essa é a reação que o corpo tem.

Eu posso tentar adivinhar que ao se fazer essa pergunta você não chegue a qualquer resposta que justifique de fato a reação, como se não houvesse um perigo, mas você sente que há. As vezes somos tão levados por essa onda de percepções corporais e pelos pensamentos que nem sabemos mais onde estamos. Existem alguns relatos de pessoas dizendo que sentem até como se de repente não soubessem mais onde estão ou o que estão fazendo, totalmente desnorteadas. Sim, isso acontece com muita frequência.

E ai volto a te perguntar: se isso tudo seria causado por uma percepção de perigo, qual é o perigo então? EXATAMENTE. Fisicamente e materialmente normalmente não há, sendo principalmente fruto dos próprios pensamentos. Ou seja, você pensa uma coisa que te leva a outra, que direciona e outra e aí você está em um fluxo de pensamentos que ameaçam seus desejos, suas vontades, gerando situações de possíveis frustrações, chateamentos, decepções, mal-estar, desconforto e vulnerabilidade. Esse é o perigo.

Um exemplo: você pensa que vai na farmácia porque precisa comprar algo. Aí começa a pensar no tempo que leva, no dinheiro, na fila, no que vai fazer depois, que precisa ir rápido, porque se não tiver vai em outra farmácia (e aí tem uma lista de farmácias possíveis para ir), vê o tempo que leva para ir até lá porque pode pegar trânsito, mas você só tem 15 minutos e como vai fazer para falar com seu chefe se você se atrasar. Porque ele nunca entende, então já começa a pensar nas justificativas que pode falar pra ele e no que pode dar certo e errado disso tudo…… por aí vai.

Sim, isso acontece e talvez já tenha acontecido com você.

E na minha visão, o que adianta é olhar então qual é esse perigo? O que eu tanto temo? É ser mandada embora e ficar sem dinheiro? É frustrar alguém? É o que vão falar de mim? Podemos pensar váaaarias coisas, mas independente do motivo que vem por trás, é olhar também para a situação real. Nada disso está acontecendo. NADA! O que acontece é: eu tenho uma necessidade e a farmácia me supre porque vende e eu tenho dinheiro. Por qual motivo já ficar pensando todas as outras coisas de fila, trânsito, tempo, possíveis chamadas de atenção e comentários? Poxa, se você chegar e estiver com muita fila, por que você precisa ficar lá sabendo que vai se atrasar? Você não pode comprar depois? Ou então falar com seu chefe porque é muito necessário comprar isso e talvez demore?

Consegue perceber que o problema não é tão grave assim? Que existem outras formas de resolver? Se voltamos para o presente, a única coisa que temos é o que está acontecendo agora, a cada segundo.

Por que pensar em algo que não tenho menor ideia de como vai ser? É óbvio que imaginar todos esses cenários vai gerar uma agitação porque são muuuitas possibilidades. Mas também existe a possibilidade de dar tudo certo e toda a preocupação ter sido em vão, como acontece na maioria das vezes.

Se olhar para o presente, é exatamente isso que acontece. Por que já lidar com as possíveis consequências do futuro se nem sabemos o que vai acontecer? E se acontecerem consequências não tão agradáveis, onde fica sua confiança de que vai dar conta? Onde está o reconhecimento de que você sabe se virar? Cadê a percepção da sua capacidade de lidar com essas situações?

No fundo, nada é tão ruim que você não conseguirá lidar. Felizmente hoje, na maioria das situações pelo menos, não estamos mais em contextos de lutar pela sobrevivência. Algumas coisas estão asseguradas e se infelizmente tivermos situações de muita instabilidade e insegurança, nós lidamos também.

Mesmo uma das situações mais complexas que aconteceu recentemente (pandemia e COVID), foram pensadas formas de lidarmos com isso. Óbvio que é uma situação muito triste, de muita instabilidade e tristeza, mas enquanto sociedade (para além do olhar individual) as coisas continuaram. Aqui poderiam entrar muitas críticas pessoais de situações que impactaram mais ou menos as consequências da pandemia, como administração política, saúde, vacinas, mas quero buscar trazer esse olhar do todo. Está sendo possível continuar, sustentar, adaptar, manter.

Então, quando você olhar para uma situação assim, em que você percebe que está indo para um cenário que ainda não existe, se pergunte qual motivo de fazer isso. O que você tem é apenas o agora e quando o futuro chegar, você talvez consiga resolver. Talvez não seja como você gostaria, não seja como espera, não seja como quer, mas você já está se frustrando agora com situações que nem aconteceram, então que tal deixar para quando vierem? Porque aí pode ser que você até olhe para a situação e veja que fez o seu melhor, porque não tinha outra possibilidade pensada antes. Só tinha o que era e pronto.

Talvez seja momento de simplificar e estar presente no presente.

Se quiser, algumas práticas podem ajudar muito nesse processo, como meditação e percepção corporal. Olhe para o agora. A arteterapia também auxilia muito com diversos recursos expressivos para dialogar com o presente. Se quiser ter acesso a alguns exercícios, pode me mandar um email clicando aqui, que eu te encaminho para auxiliar nesse processo.

Lembre-se que nada disso substitui um acompanhamento médico e psicológico. Caso tenha essa necessidade, entre em contato para iniciar seu processo de psicoterapia. Será um prazer explicar para você meu trabalho e iniciar essa jornada ao seu lado. Lembrando que nenhuma medicação deve ser interrompida sem consultar seu médico especialista.

Uma dica pra hoje: Respire 3 minutos no agora, na forma que seu corpo pedir. Só observe lentamente cada parte do seu corpo: dedos dos pés, sola do pé, tornozelo, panturrilhas, joelhos, coxas, pernas, quadril, barriga, peito, ombros, braços, mãos, dedos das mãos, pescoço, nuca, testa, boca, olhos.. vai observando seu corpo e como está hoje. Depois me conta se foi possível lá no meu direct do                instagram.

Vamos dialogar e apronfudar!

Com carinho,

Por Amanda Abade.

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